sábado, 22 de setembro de 2012

Mergulhando na Laje de Santos pela primeira vez

Caros amigos leitores, o post de hoje é muito especial. A princípio eu planejava tratar de minhas duas visitas ao Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, litoral sul de São Paulo, num post só, mas não seria justo com a Laje, pois cada visita tem uma coleção de boas histórias. Então, eu decidi publicar aqui a minha primeira aventura até este santuário da natureza. Aliás, quando eu digo para as pessoas que fui mergulhar na Laje de Santos, e que este é um dos melhores pontos do Brasil as pessoas me olham com certa estranheza, já a imagem que se tem da praia não condiz.

O desejo de mergulhar neste local surgiu após uma leitura na revista Mergulho, que contava um pouco sobre a produção do documentário pela ONG Laje Viva (veja o canal de vídeos no Youtube - http://www.youtube.com/lajeviva).

Um belo dia, num café reunião com o Eduardo Shimahara e a Carla Mayumi Albertuni sobre um projeto incrível que estão empreendendo o Educ.Ação, ao final conversamos sobre mergulho. Shima que se tornou leitor deste blog então fez questão de me convidar para conhecer finalmente a Laje, pois entrávamos no melhor período para visitar a região.

Desde então conversamos por e-mail e marcamos com o Armando de Luca Junior da Nautilus Dive Center que realiza operações na região há muitos anos.

Eis, que no dia 04 de agosto de 2012, realizei meus dois primeiros mergulhos na Laje, quer dizer, minhas tentativas. Trata-se dos meus mergulhos de números 12 e 13 em meu Logbook. Partimos da Capri Marina, em São Vicente por volta das 09h, pois durante uma hora ajudamos a colocar todos os equipamentos na embarcação Nautilus II, montar coletes e reguladores nos cilindros para ganhar tempo, uma vez que estávamos num grupo grande de mergulhadores. Foi muito interessante acompanhar um outro estilo de operação que o Armando realiza, excelente por sinal, com o apoio do Fabio Lobassi, mergulhador ultra experiente com histórias incríveis. Após o briefing com as instruções básicas sobre a embarcação e o local, partimos para o nosso destino, inclusive acompanhados por uma voluntária da Laje Viva, responsável pela fiscalização dos mergulhadores no local.

Apesar da temperatura ambiente estar ótima, por volta dos 28 graus, a água estava fria com 20 graus, e com uma visibilidade de 15 metros aproximadamente.

Devidamente equipados e definidas as duplas partimos para a água, e eis que em meu primeiro mergulho vivi um drama. Em meu último mergulho na represa, passei por uma situação de stress e administração de muitos equipamentos que me fizeram abortá-lo (isso será tema para um post especial). E então, cai na bobagem de me equipar por demais, ao ver todos os demais mergulhadores descendo com carretilha, bússola, prancheta, capuz, câmeras e etc. Enfim, eu teria muitas coisas para administrar sem ter tanta experiência ainda. Recentemente eu havia terminado de ler O Último Mergulho, tema de meu post anterior, o que de certo modo estava gravado no inconsciente, as lembranças ruins dos episódios com os Rouse. A adrenalina em que eu estava por ir mergulhar num território diferente dos meus mergulhos anteriores, com equipe desconhecida. E logo que tentei descer, o regulador que eu havia alugado estava apresentando defeito, sem a válvula de regulagem, e a entrada e saída de gás não correspondiam ao meu esforço. Voltamos ao barco e trocamos o regulador que desta vez funcionava corretamente. Ao tentarmos novamente descer, creio que por não ter teto, não via o fundo de areia, e sob o stress de toda a situação anterior decidi abortar, descendo apenas 03 metros, ficando por somente 05 minutos. Além disso, o colete também alugado era um pouco diferente do que eu estava acostumado a usar, em suma, uma série de variáveis me influenciando e acredito ter tomado a decisão mais correta.

Em seguida retornei ao barco, tanto Armando quanto Lobassi procuraram me deixar bem tranquilo, me dando recomendações para tentar fazer um segundo mergulho. Não consegui reparar qual foi a pressão final do cilindro, apenas a inicial de 3.000 psi. E é claro, pedi ao Shima que pudesse descer e mergulhar com um outro grupo, para não ser tão prejudicado.

Durante todo este tempo fui me acalmando, refletindo e então para o segundo mergulho decidi ir com a menor quantidade possível de equipamentos.

Então voltamos para a água, porém desta vez planejamos iniciar a descida o mais próximo possível das pedras para que eu tivesse teto. Porém logo que iniciamos a descida eu voltei a sentir fobia e estava quase abandonando novamente o mergulho. Eis que o Shima me acalmou e decidimos fazer snorkelling, ele desceria e me acompanharia visualmente, quando eu me sentisse a vontade poderia descer tranquilamente.

Mesmo fazendo snorkeling foi fantástico neste início, pois foi meu primeiro mergulho com minha câmera fotográfia, algo que eu tinha vontade de fazer desde meu check-out, para registrar os lindos momentos. Chegamos a ver uma tartaruga nadando tranquilamente, sem se abalar conosco.

Logo depois eu me acalmei, continuei na superfície com o uso do regulador, até que consegui descer. Chegamos a mergulhar nos 10 metros por 20 minutos, quando fui interrompido por uma nova crise de fobia e descontrole da respiração, fazendo com que terminassemos nosso mergulho. De todo o modo foi fantástico fazer fotos e vídeos com toda aquela diversidade de peixes e corais que encontramos, e que vocês caros amigos leitores, poderão olhar logo abaixo do texto.

Ao retornarmos para a marina, no caminho foi premiados com a visita de um bando de aproximadamente 50 golfinhos. Inédito inclusive para o Armando, que quando os avistou e nos avisou liguei minha câmera e gravei por cerca de 15 minutos as brincadeiras deles com o nosso barco.

Cheguei a registrar inclusive em meu LogBook, que tudo o que ocorreu nestes dois mergulhos, nada mais foi do que uma forma de eu manter meu compromisso de retornar até a Laje.

Mas uma coisa eu devo registrar neste post. Shima foi um grande dupla, um dos melhores que mergulharam comigo até agora. Pois, além da super conversa durante o caminho até a Laje, contando de suas experiências, seus treinamentos e vice-versa, combinou comigo sinais de comunicação, um fator muito importante para o entrosamento entre os mergulhadores, soube lidar de modo muito profissional com a minha situação de stress, me ajudando em todas as situações as quais fui submetido, não se importando tanto se iria ou não mergulhar. Foram grandes atitudes que me ensinaram um pouco mais a como me portar quando ocorrer o mesmo comigo, mas do lado inverso.

É isso aí meus amigos. Espero que tenham gostado desta aventura. Em breve relatarei como foi o meu retorno a Laje de Santos, um dos lugares mais incríveis que conheci.

Até a próxima!

Minha foto debaixo d´água

Nossa amiga tartaruga passeia tranquilamente


  
Alguns peixes chegam a se exibir para as fotos

  
Uma bela garoupa

Nadamos entre incríveis cardumes

Peixes e os corais

Vendo novas espécies

Frade

  
Avistamos os golfinhos

Os golfinhos brincam com o nosso barco

 
Meu primeiro vídeo debaixo d´água

 
 Vídeo dos golfinhos

 Outro vídeo dos golfinhos

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