quinta-feira, 12 de julho de 2012

Sobre a biografia do Jacques Cousteau

Meus amigos, este é um post-homenagem a uma das pessoas mais importantes no universo marinho. Sim, Jacques-Yves Cousteau.

Ontem, terminei de ler a biografia de Cousteau escrita por Brad Matsen, intitulada O Rei dos Mares, lançada no Brasil pela Cultura Sub.

O livro descreve trechos da vida deste fantástico francês, responsável não pela descoberta em si, mas pelo desenvolvimento de equipamentos de mergulho Scuba, pelas primeiras descidas em grandes profundidades, por desenvolver N equipamentos, embarcações, máquinas fotográficas e vídeo.

Diversos trechos de suas criações e descobertas como do Acqualung, roupas e máscaras etc, são encantadoras, pois, hoje ao mergulharmos não nos damos conta de como seria praticar este belo esporte com equipamentos precários, colocando a vida em risco em enormes proporções. Ao imaginar-se nestas situações faz com que você reflita sobre o seu dia-a-dia como mergulhador, elevando o seu nível de consciência e de auto-conhecimento com os seus próprios limites.

A vida de JYC como cineasta foi muito instigante, não só pela criação de equipamentos para fotografar e filmar em diversos níveis de profundidade, múltiplos ambientes, trouxe uma contribuição para humanidade de dimensões inimagináveis. Primeiro, porque Cousteau foi um grande mago ao mostrar imagens sobre a ação dos homens e alertá-los para os perigos que nós mesmos causamos ao planeta, a consciência de interdependência entre todos os seres vivos e seus ambientes. E para isso mobilizou muitos recursos para desbravar mares e rios por muitos rincões da Terra, inclusive pela memorável expedição pelo Rio Amazonas.

Se para alertar os seres humanos, desenvolver equipamentos e métodos, Cousteau precisou "vender sua alma ao diabo" como dizem os muitos xiitas de plantão, ao buscar dinheiro para suas expedições com empresas petrolíferas, até mesmo cervejaria, eu não estou interessado em discutir esta postura, o fato é, que graças ao espírito empreendedor de JYC, as pessoas foram alertadas para olhar o meio ambiente com outros olhos.

Seus documentários exibidos nas telonas de cinemas, nas telinhas das tvs e agora nas telinhas de computadores, tablets e celulares através do Youtube, ensinaram e ainda ensinam crianças por todos os cantos do mundo, coisa que livros e quadros negros em escolas não conseguem nos dias de hoje.

Outro ponto que o livro nos faz refletir é quanto a preservação de patrimônios históricos como a disputa em torno do fiel companheiro de Cousteau, seu barco Calypso. Esta disputa ocorre entre seu filho do 1o casamento, Jean-Michel e a 2a esposa. Um patrimônio que pode se perder corroído pela ferrugem, pela falta de manutenção ao longo dos tempos. Vale conferir um pouco sobre o processo de restauro da gloriosa embarcação neste link que encontrei na web: http://www.flashbackscuba.com/museum/Calypso_Restoration/Calypso_Restoration.html . Porém, senti falta no livro de conhecer a história de uma outra embarcação criada por Jacques Rougerie que trabalhou com ele, o Aquaspace (http://www.aquaspacebonaire.nl/en/),  em Bonaire (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bonaire), no qual eu tive o enorme privilégio de estar em um passeio no final do ano de 2011. Aliás se eu tivesse lido este livro antes desta viagem ficaria mais encantado ainda e emocionado por estar nesta embarcação.

Jacques-Yves Cousteau está no rol dos grandes inovadores da humanidade. Seguia seus instintos e alguns momentos ouvia seus companheiros em expedições, porém, como todo inovador, com um perfil muitas vezes incompreensível. E para variar, as relações humanas cheias de altos e baixos, como entre ele e seus filhos, inclusive com a perda de seu mais velho, Phillipe.

Enfim meus amigos, se você quer conhecer um pouco mais sobre a história do mergulho moderno, esta biografia é indispensável, o mesmo vale para quem quer conhecer um pouco mais sobre os movimentos ambientalistas e sustentabilidade.


Agora, minha nova leitura é o livro O Último Mergulho, mas isso é assunto para outro post.

Até a próxima!!!


Jacques-Yves Cousteau e uma de suas criações, o 2o estágio


Aquaspace, em Bonaire


Vista interna no Aquaspace


Dentro do Aquaspace observando a biodiversidade marinha


Preciso falar mais alguma coisa?

2 comentários:

  1. Boa noite. Em relação ao JYC não podemos deixar de citar o livro "O mundo silencioso", publicado, se não me falha a memória, em 1953. Leitura fundamental para todos os interessados em mergulho, pois além de tomarmos conhecimento sobre as origens das técnicas atualmente empregadas, revisamos ensinamentos que foram adquiridos pelo Comandante e por sua equipe pelo inevitável método de tentativa e erro. Lembro-me de uma passagem ( são muitas..) na qual JYC cita a narcose que o acometeu em determinado momento, e que, após as investigações de praxe terminaram por concluir que o compressor a diesel destinado aos cilindros absorvia no ar o monóxido de carbono exalado pelo motor, introduzindo-o nos referidos cilindros (!!!!) São lições excelentes, atemporais, clássicas, que todos devem conhecer de cor e salteado, ou, já que nos referimos ao JYC, francês, "sur le bout du doigt". Abc!

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